terça-feira, 8 de junho de 2010

PO (10) - Blur - PS3


Antes de mais nada, vamos tirar os elefantes da sala — metaforicamente falando. Blur é, sim, uma mistura de Project Gotham Racing e Mario Kart, como já mencionamos anteriormente em prévias. Ele também é o sucessor espiritual
dos games de corrida produzidos pela Bizarre Creations.
E, para completar,
aproveita o estilo visual colorido e
rico em luminosidade de Geometry Wars.
Agora que já dissemos isso, iremos ignorar

Isso significa que não se pode dizer que o título seja particularmente original, embora o fato de reunir vários elementos bem-sucedidos em um só game constitua uma premissa interessante. Os jogadores gostam de correr de carro? Sim. Gostam de combate? Sim. Gostam de competição? Obviamente. Então a única preocupação de Blur é executar a proposta adequadamente, já que a receita para o sucesso existe.
E Blur o faz. Não perfeitamente (pouquíssimos jogos conseguem isso), mas de forma boa o suficiente para prender o usuário por inúmeras horas em frente à tela. Quem nunca desejou poder armar toda a bagunça causada por cascos de tartaruga e cascas de banana em um jogo que representasse de forma mais “realista” (as aspas são bastante necessárias) os carros e pistas?
Assim, o game pega carros de marcas reais (como Volkswagen, Audi, Dodge) e os coloca em pistas baseadas em locais de verdade (como Tóquio, Los Angeles, San Francisco); tudo regado a muitos power-ups que só não arrebentam o cenário inteiro porque apenas algumas partes dele são destrutíveis. Os carros, em compensação...
Vale lembrar que o título possui uma jogabilidade estritamente arcade; em nenhum momento ele se propõe a competir com simuladores de pilotagem, mesmo quando dentro de modos de jogo que focam na corrida. Assim, é preciso ter em mente que os objetivos principais aqui são a diversão e a emoção, como é típico em jogos deste estilo.

É impossível, também, evitar as comparações com o recém-lançado Split/Second. Afinal de contas, ambos são jogos de corrida com um foco especial na destruição dos oponentes — mesmo que a forma de execução seja diferente; enquanto em Split/Second você destrói o ambiente, que por sua vez acerta os carros, em Blur a coisa é mais direta: os power-ups utilizados vão diretamente ao encontro dos oponentes.
Mas, no fundo, eles são fundamentalmente diferentes. Split/Second é mais explosivo e com um foco no espetáculo, frequentemente expondo catástrofes envolvendo inúmeros competidores. Já Blur é um pouco mais pessoal e evolutivo, já que os golpes geralmente atingem um ou dois competidores, com raras exceções, e o veículo pode ser gradualmente destruído.
Aprovado

Bagunça
Pancadaria, armadilhas, fechadas, capotagens. Todos os modos de jogo de Blur são extremamente bagunçados. Ser um espírito de porco não é apenas útil, mas necessário, já que jogar limpo quase nunca traz benefícios. O que torna cada pista um campo de batalha no qual os adversários estão combatendo a mais de duzentos kilômetros por hora.
Esse é sem dúvida o principal atrativo do título. Quem não quer ser incomodado enquanto tenta realizar os melhores tempos nas pistas certamente deve procurar outro jogo, pois até mesmo a inteligência artificial usa táticas de direção agressiva. Fazer os oponentes bater uma, duas, cinco, vinte vezes... É isso que compõe o cerne da experiência do game, independente de carro, circuito e modo de jogo.
Homenagem a um clássico
Quem já jogou Mario Kart certamente se lembra de várias características do game, como os cascos vermelhos, os turbos e tudo o mais. Como a proposta do jogo não é inovar agressivamente, pagar tributo a jogos anteriores que inspiraram o desenvolvimento certamente nos parece mais do que adequado.

E isso fica claro dentro do game. Prêmios com o formato de um casco de tartaruga, power-ups claramente baseados no que já conhecemos dos games de kart do encanador, sistema de pontuação de fãs que lembra o de kudos de Project Gotham Racing... Tudo remete o usuário a outros títulos excelentes que fizeram sucesso em épocas anteriores.
A grande sacada é inserir esses elementos ao mesmo tempo em que adiciona características novas para não se tornar apenas uma cópia barata. Objetivo que foi atingido, já que a inspiração é visível, mas não há como considerá-las plágio.
Variedade

Mesmo que quem compre o game esteja
querendo destruir adversários,
nem todos têm a mesma preferência em
termos de modos de jogo; e os
desenvolvedores entenderam isso. Existem
inúmeros modos a serem escolhidos, tanto
no single player quanto no multiplayer,
proporcionando a cada um a experiência que mais agradar.
Corrida para 8 jogadores, destruição de carros controlados pela IA, time attack, corrida para 10 jogadores, corrida para 20 jogadores, corrida sem power-ups, modo de combate semelhante a Destruction Derby... A lista é longa. E cada um deles possui características próprias e é mais propício para determinado tipo de veículo.
Veículos esses que são igualmente variados. Existem quatro categorias de carros, que vão desde os modelos mais comuns adaptados a corridas até supercarros que atingem velocidades espetaculares. Todos com características específicas (determinadas pelos atributos Aceleração, Velocidade Máxima, Aderência e Dificuldade de controle) que tornam cada um melhor para pistas e eventos específicos.
Evolução (longevidade)
Quando falamos de evolução, estamos querendo apontar as conquistas realizadas pelo jogador dentro do título. Existe uma vasta lista de desafios a serem completados pelo usuário, desde aqueles que consistem de troféus e conquistas (dependendo do console) até o destravamento de carros, pinturas e modos de jogo.
Isso vale ainda mais para a parte multiplayer do jogo (que é, pode-se dizer, a principal). Existem cinquenta níveis de perfil; e quando o usuário o atinge, é possível recomeçar com o status de “lendário”, liberando novos carros e partindo para novos desafios. Pelos rankings online, as pessoas que o atingiram mais rápido levaram em torno de dezessete horas.
É tanto conteúdo que é preciso dedicar uma quantia razoável de tempo para liberar tudo o que o título oferece. Essa parte é boa, já que dá uma vida longa ao produto e o jogador acaba com um bom custo-benefício. Mas existe outro lado da moeda (que cobriremos em um ponto negativo) que não é tão brilhante.
Estratégias recompensadoras
Muito mais do que em outros jogos similares que vieram antes dele, Blur recompensa a utilização de estratégias de jogo de forma muito mais expressiva. Isso vale desde a escolha dos carros. As pistas frequentemente alternam pedaços de asfalto com outros de terra, água, areia... E existem os veículos off-road, que são excelentes para cobrir esses terrenos.
Aí já é possível diferenciar o jogador experiente do novato, pois a escolha do veículo influencia bastante na partida. E a coisa não para nisso. A hora de pegar os power-ups dentro de uma determinada fase — e a consciência da localização de cada um deles — também é determinante no resultado do jogo. Está em primeiro lugar? Foque em escudos e poderes defensivos. Está no meio do bolo? É interessante tentar eliminar a concorrência com ataques.

Assim, ir “na louca” é algo bastante arriscado, pois os adversários podem utilizar sabiamente cada uma de suas habilidades para ganhar uma vantagem enorme, que pode se tornar irreversível com o passar do tempo. E decisões devem ser tomadas rapidamente conforme as condições da corrida mudam.
Estilo visual
Embora a grande quantidade de cores e o estilo que elas apresentam não sejam novidade no mundo dos games — especialmente para quem já jogou Geometry Wars — elas foram encaixadas de forma interessante nos efeitos do jogo. Desde os faróis de cada um dos carros até os power-ups, os efeitos visuais são bem chamativos e envolventes.
Mesmo quando existem inúmeras ações ocorrendo ao mesmo tempo na tela, é possível distinguir cada uma delas através do esquema de cores e do comportamento das luzes. Por mais que jogadores novatos não saibam que o power-up laranja é uma mina e que ela os fará rodar, saberão instintivamente que é uma boa ideia evitar a bola de fogo parada no meio da pista.
Multiplayer
Blur vive pelo seu multiplayer. Isso é algo inegável, e assim como em Split/Second o título é muito mais divertido quando jogado com outras pessoas. O suporte a split-screen de quatro pessoas é algo extremamente bem-vindo e divertido (mais uma homenagem a Mario Kart), além de incomum em jogos de corrida da atual geração.
Mas a pérola é mesmo a conexão pela internet. A possibilidade de enfrentar até outros dezenove oponentes (para um total de 20 corredores em um mesmo evento) é simplesmente fascinante. Se a bagunça já é generalizada com quatro pessoas, com vinte a coisa descamba para, pela falta de palavras formais mais adequadas, a palhaçada descarada.
É gente rodando, explodindo e derrapando a cada segundo, incessantemente e das formas mais diferentes. Quem tem microfone xinga, quem não tem xinga também. Não há como conter os sentimentos na hora em que a coisa aperta — especialmente quando você está fazendo a última curva da última volta e é acertado por seis ataques seguidos, terminando a corrida em penúltimo... Não que isso tenha acontecido no Baixaki Jogos.
Aspecto social
Para quem gosta de expor suas habilidades, o game possui um sistema de compartilhamento de informações bastante extenso. É possível declarar rivais através do sistema de amigos da PSN e da Live, compartilhar resultados através do Twitter e Facebook (através de uma integração da conta do jogo com as respectivas dos serviços) e até mesmo desafiar outros usuários.
Tudo rapidamente, ao apertar um botão; sem complicações. Esse aspecto social é ainda mais reforçado através de uma série de rankings online que guardam estatísticas sobre tudo o que acontece dentro do sistema; quem possui o maior número de fãs, quem possui o maior número de pontos de piloto, quem chegou mais rápido ao nível lendário (e quantas vezes)... Quer mostrar o que fez? Aqui você pode.
Reprovado

Single player cansa rápido
Se alguém começar jogando pelo single player, e se limitar a ele até terminar, pode até conseguir acabá-lo — mas o fará com um certo esforço. Mas se a pessoa experimenta o multiplayer, é difícil voltar a jogar sozinho; mesmo que seja para terminar a campanha. Isso porque ele se torna monótono depois de um tempo, mesmo que o usuário goste de todos os modos de jogo.
Em primeiro lugar, existem poucas corridas de fato dentro dos eventos. Eles são bastante permeados por eventos de destruição ou de corrida contra o tempo, que (ao menos na opinião da nossa equipe) realmente não são tão divertidos. O que faz com que o jogador se canse bem mais rápido do que deveria do single player.
Evolução (exclusão)
Dissemos que havia um lado menos brilhante da moeda da evolução. Pois bem. Enquanto é divertido liberar carros novos, completar desafios e tudo o mais, começar do zero contra oponentes que estão bem acima de você em termos de conteúdo destravado não é assim tão interessante. E algumas pessoas podem se desanimar pelo tempo que leva para avançar.

Mesmo que existam categorias diferentes para iniciantes e o resto das pessoas, quem está em níveis mais altos possui uma maior diversidade de opções para escolher as modificações dos carros. E também dos próprios veículos. Ou seja, às vezes é frustrante você perder uma corrida por simplesmente não ter os recursos à disposição, por mais que saiba qual é a estratégia correta a utilizar.
Ausência de incentivos
O subtítulo completo deste ponto deveria ser: ausência de incentivos para jogar os outros modos de jogo online. Mas ficaria muito longo, por isso o encurtamos. Seja como for, isso é uma realidade. A grande maioria dos jogadores fica nos modos de corrida para dez e vinte pessoas, sendo que modos como Team Motor Mash — no qual duas equipes se destróem em uma arena — ficam desertos. Não conseguimos nem mesmo testar o modo World Tour (no qual tudo é aleatório), pois haviam 0 usuários dentro dele.
Vale a Pena?

Blur é um excelente jogo de corrida arcade para quem gosta de ganhar através da pancadaria e da destruição de oponentes, disso não existe dúvida. O jogo vale a compra, seu custo-benefício é muito bom e é quase impossível se arrepender da aquisição. No entanto, ele é muito mais sério do que, por exemplo, Mario Kart, então aqueles que gostavam bastante do humor daquela série podem pensar em alugar primeiro.
Seja como for, o produto é muito bom por si só, e quando comparado a outros títulos do gênero possui como concorrência maior apenas o Split/Second, ao qual se assemelha em termos de visuais (descontando as luzes e cores, levando em consideração os modelos de carros e pistas). A experiência multiplayer é mais sólida e longeva, mas menos espetacular.
A consideração final é de que Blur é um excelente título de corrida arcade, que expande conceitos que já conhecemos bem — e, mais importante, com os quais estamos bem familiarizados. Quem tem uma boa conexão com a internet ou possui vários amigos com os quais jogar em tela dividida para quatro pessoas certamente se divertirá à beça. Mas se o objetivo é jogar sozinho e sem estar online, existem opções melhores, já que a maior parte do título será desperdiçada.

Um comentário:

  1. realmente esse jogo é espetacular, eu compre ele para xbox 360 e to adorando.

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